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Mais que uma doença de um cérebro


A OMS estima que o Brasil será um dos países de maior prevalência e incidência de síndrome demenciais, com um crescimento exponencial do diagnóstico da doença de Alzheimer, principal causa de demência. Sabemos que o determinismo genético tem um papel importante no desenvolvimento da Doença de Alzheimer. Mas, na maior parte dos casos, não é o principal. Esse fato fica bem demonstrado pela redução do número de casos da doença em países desenvolvidos como Japão, Escandinávia e Suécia. Isso ocorre porque o Alzheimer é mais que uma doença de um cérebro. É uma doença de uma sociedade que fez escolhas equivocadas, no âmbito individual e coletivo.

50% dos casos de Alzheimer poderiam ser evitados se um conjunto de medidas fosse adotado pela população. Essas estratégias incluem escolhas individuais, mas também políticas de saúde e de educação pensadas para todos. Considerando o aspecto nutricional, a redução significativa do consumo de carboidratos simples (açúcar branco e derivados, bolacha, massa), o estímulo ao consumo de alimentos frescos, integrais e naturais (frutas, legumes, peixe e derivados, sementes, oleoginosas, cereais, leite desnatado, queijos magros, gorduras boas como o óleo de oliva) e a restrição ao consumo de alimentos industrializados (salsicha, refrigerante, comida congelada). Igualmente fundamental como prevenção do Alzheimer é o cuidado com o corpo, através de atividade física regular, idealmente 5x/semana e o combate à obesidade. No aspecto educacional, o estudo deve fazer parte da vida de todos, bem como a garantia de educação continuada de boa qualidade e acessível à população, com opção ao estudo musical e de outras linguagens (idiomas e computação) em todos ciclos de vida. Necessário também que a organização do sistema de saúde oportunize o diagnóstico, tratamento e acompanhamento de doenças de alta prevalência na população como hipertensão, dislipidemia e diabetes, bem como a garantia de acesso às orientações e medicações de escolha.

O potencial de prevenção de doenças como Alzheimer está em cada um nós e exige responsabilidade de nossos governantes através de políticas públicas que promovam o envelhecimento ativo.

Dra. Maria Cristina Berleze



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