Precisamos falar sobre Lewy
Apesar de ser a segunda causa mais frequente de demências degenerativas , a Doença por corpúsculos de Lewy é subdiagnosticada no mundo todo.
A importância de reconhecermos este subtipo de demência se deve a respostas muito diferentes aos medicamentos comumente usados para Doença de Alzheimer, além de prejuízos a estes pacientes quando medicados com certas classes de psicofármacos.
A doença de Lewy tem características comportamentais e cognitivas distintas da Doença de Alzheimer.
Estas pessoas iniciam com dificuldades cognitivas; entretanto, a disfunção da memória - do armazenamento de novas informações- não é tão evidente quanto em pacientes com Doença de Alzheimer. Estes pacientes costumam mostrar dificuldades atencionais, dificuldades em planejar e cumprir tarefas (funções executivas) e algumas vezes se desorientam no espaço físico (funções visuo-espaciais).
O que mais assusta as famílias e angustia os pacientes portadores da doença de Lewy é a presença constante de alucinações visuais, auditivas e confabulações. Estas distorções da consciência são muitas vezes aberrantes trazendo medo e agitando os pacientes. Frequentemente os pacientes criam histórias mirabolantes, falam com personagens da televisão como se estivessem em sua presença e ouvem vozes que em geral tem conteúdo negativo sobre sua pessoa. Algumas alucinações visuais revelam insetos, aranhas, crianças e por vezes distorções na própria face do paciente.
Estes pacientes costumam apresentar dificuldades na motricidade simultaneamente ou meses depois dos primeiros sinais cognitivos e comportamentais semelhantes a pessoas com parkinsonismo.
Em alguns pacientes há uma flutuação dos sintomas de perda cognitiva como orientação no tempo, bem marcados durante o dia, exibindo por vezes sonolência diurna excessiva sem outra causa definida.
Estes sintomas, conhecidos como delírios, são classificados como psicóticos e na maioria das vezes leva a prescrição de medicamentos antipsicóticos. Estes pacientes exibem uma extrema sensibilidade a esta classe de medicamentos, que frequentemente trazem graves efeitos colaterais como dificuldades de movimentos, rigidez por vezes extrema, sonolência e torpor, aumentando riscos de complicações como quedas e pneumonias aspirativas.
Por outro lado a resposta a medicamentos anticolinesterásicos muito utilizados na Doença de Alzheimer pode ser dramática com melhoras significativas dos sintomas em especial das alucinações.
Pelos motivos explicitados acima, se faz necessário um maior reconhecimento da doença para que se use os recursos necessários para seu tratamento e se evite medicamentos que podem piorar os sintomas.
Precisamos falar mais sobre Lewy…
Dr. Maurício Friedrich